domingo, 14 de setembro de 2008

Além do Desporto

À antiga...

Suponhamos que ouvimos uma música interessante na rádio. Basta-nos saber quem é o artista por detrás dela, para termos a hipótese de ir “sacar” a discografia dele. Em poucos instantes, toda uma obra se apresenta perante nós, sem o mínimo de esforço. Antigamente isto seria uma proeza, visto que os meios seriam muito diferentes. Para conhecermos coisas novas tínhamos que ir atrás dela, e mesmo assim não seria o suficiente. Teríamos que arranjar maneira de nos expormos a coisas novas, de forma a conhecermos mais. Hoje isso não acontece. Talvez toda a banalização à volta dos downloads de álbuns na íntegra, contribua, de certa forma, para que a música não seja tanto um prazer, mas antes um vício. Uma rotina, que por sinal se torna mais entediante. Hoje em dia compram-se menos CDs – o que não é de admirar, tendo em conta os preços de alguns -, havendo preferência pelo download e pelos leitores de mp3. Onde se encontra a magia de ouvir o original? Onde está o sacrifício, a merecida recompensa, em descobrir algo novo?

Nos anos 80 e mesmo no início dos anos 90, era muito popular o tape trading, que como o nome indica, consistia na troca de K7s entre uma ou mais pessoas. Era a maneira que havia de conhecer – e dar a conhecer – novos artistas ou bandas. Por vezes trocavam-se moradas, e as K7s eram posteriormente enviadas, possuindo uma selecção de músicas de vários artistas diferentes. Eram estas compilações que davam a conhecer a música mais desconhecida. Talvez por saudosismo, talvez por sentir saudades do prazer que era ter um único CD e ouvi-lo durante dias seguidos, pois não conhecia mais nada ou nem sequer tinha mais CDs, surgiu recentemente uma conceito semelhante, o de Cd trading. É, como o nome indica, uma troca de CDs áudio entre uma ou mais pessoas, semelhante ao tape trading. A diferença reside no facto de estar melhor adaptado aos tempos modernos. Eu resolvi experimentar e é isso que venho aqui divulgar. Ao invés de procurar mais música na Internet, resolvi pegar no que tinha, compilando aquilo que melhor reflectisse os meus gostos. Foi uma tarefa mais complicada do que aparenta.
Não foi um CD repleto de mp3, foi um CD áudio, limitado a meros 80 minutos de música. Depois de decidir quais seriam as faixas que me representariam (fiquei com 13, no total), complementei o CD com uma capa e um inlay, tentando dar-lhe um ar mais profissional (mesmo que não o seja). Só posso esperar que a outra parte se tenha esforçado tanto como eu. Aflige-me saber se irá, ou não, gostar do que lhe enviei. Ou se já conhece a maioria dos artistas que seleccionei. Contento-me em saber que possivelmente essa pessoa passa pelo mesmo. Tudo isto tem uma moral, crua e dura: o simples amor pela música. O desejo de a manter como um prazer. A magia de descobrir coisas novas, de estar limitado ao suporte físico da K7 ou do CD. De dar mais valor ao que descobrimos e ao que nos é apresentado. A Internet, felizmente, trouxe muitas coisas boas - mas algumas delas sabem melhor feitas “à antiga”.

LL

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